Skip to navigation Skip to navigation Skip to search form Skip to login form Ir para o conteúdo principal Skip to accessibility options Skip to footer
Skip accessibility options
Text size
Line height
Text spacing

Mensagens do blog por DIMÍTRIA DE FARIA COUTINHO

Pacto EJA muda realidade do estado com maior nível de analfabetismo do Brasil
Pacto EJA muda realidade do estado com maior nível de analfabetismo do Brasil

Boas práticas têm sido observadas em Alagoas desde que as formações chegaram ao estado

“Vai chegar um tempo em que não vai existir mais EJA, porque vai estar todo mundo alfabetizado”. Esse é o desejo de Clesia Moreira, diretora de ensino da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do município de Penedo (AL) e articuladora regional.

Até pouco tempo, esse sonho parecia distante. Isso porque o índice de analfabetismo é bastante alarmante em Alagoas: de acordo com o último Censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17,7% da população acima de 15 anos é considerada analfabeta no estado, o maior índice de todo o Brasil.

Mas desde que o Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos (Pacto EJA) foi lançado pelo governo federal, esse sonho de Clesia e de tantos outros educadores do estado tem se tornado mais palpável.

Com o pacto, programas de formação, como o organizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), têm chegado a todos os estados brasileiros, mudando a relação que os formadores e docentes têm com a EJA.

“A EJA está se fortalecendo e encontrando o seu espaço dentro da educação básica, porque, até então, a modalidade era esquecida”, comenta Clesia. “Agora, os professores podem dizer que a EJA está sendo valorizada, o que os estimula”, complementa.

Formar professores para superar o analfabetismo

Ricardo Almeida Maciel, coordenador estadual da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) em Alagoas, conta que o pacto tem fortalecido uma política que já estava sendo implementada no estado.

No início do ano, a Undime promoveu um planejamento estratégico para a Educação de Jovens e Adultos no estado. Um dos objetivos era garantir a formação continuada dos professores que atuam na modalidade, e os programas do Pacto EJA têm sido grandes aliados nesse sentido. “Antes, os docentes não tinham uma orientação, e o pacto tem sido muito forte sobre isso, trazendo um olhar específico para EJA”, avalia Ricardo.

“A formação continuada é um dos fatores importantes para a permanência e o sucesso do estudante. Não é só isso, tem que existir outras políticas públicas, mas a formação já contribui para o entendimento da especificidade do sujeito da EJA”, afirma.

Parece cedo para medir os impactos do pacto no dia a dia da Educação de Jovens e Adultos, mas Ricardo garante que já consegue perceber boas práticas despontando em todos os cantos de Alagoas. Até municípios que antes estavam “quietinhos”, nas palavras do professor, hoje já são exemplos em termos de articulação e organização da EJA.

Alunos da EJA sentados em roda junto com professor.

Boas práticas têm surgido em todo o estado. Foto: Arquivo pessoal

É o que tem percebido Artur Victor Maciel, que atua na ponta, diretamente na formação de professores na 8ª GEE. Ele conta que o desânimo dos docentes era algo bastante comum na modalidade, e que ele próprio sentia falta de receber capacitação sobre o tema.

“As formações, como as da UFPB, têm me dado um aparato pedagógico e teórico melhor. Sempre senti essa falta de ter mais cursos voltados para a modalidade da EJA”, relata. “O que o pacto quer não é apenas matrículas, ele quer pessoas e sujeitos emancipados e políticos, que tenham esse conhecimento crítico. E isso se dá não só na sala de aula, mas desde a formação dos formadores regionais e locais e também dos professores que estão imersos nessa modalidade. É motivar o profissional para que essa motivação chegue a cada sujeito que está imerso nesse processo”, continua.

E boas práticas já têm surgido dessa motivação. Artur exemplifica contando sobre uma formação que deu aos professores em Monteirópolis. Nela, os docentes foram instigados a pensarem, em grupos, em soluções para construir materiais para alfabetizar os estudantes, levando em consideração suas experiências prévias, a heterogeneidade das turmas e os diversos componentes curriculares.

“Aqui na cidade, observamos que nossos alunos têm um conhecimento exorbitante acerca da matemática. E os professores trouxeram isso para dentro do planejamento”, conta Artur, com entusiasmo. “Teve um grupo que criou um jogo para trabalhar sobre a questão do plantio do milho, desde o preparo da terra até a colheita. E, dentro desse jogo, eles ouviram os estudantes, trabalharam também a geografia, com a questão do clima, a história, com o resgate cultural identitário dos estudantes, e assim por diante. Então, tudo isso faz com que os alunos se sintam pertencentes à turma de EJA, que é justamente o que está sendo proposto pelo pelo pacto e também pelos cursos que são ofertados”, exemplifica.

Professores posam para foto após formação.

Foto mostra resultado da formação citada por Artur. Foto: Arquivo pessoal

Impacto em sala de aula

Com as formações a todo vapor, os formadores e articuladores já têm visto boas práticas surgindo dentro de sala de aula. “Os professores comentam que finalmente pensaram em nós. Agora eles sentem que as ações são de fato para preparação deles, no intuito de ofertarem aulas dinâmicas e voltadas para esse público”, relata Rosa Maria Gomes, articuladora regional da Undime da 4ª GEE.

“As formações dentro do pacto são específicas para os professores dessa modalidade, as temáticas buscam tratar de temas reais dentro das necessidades de aprendizagem dos alunos. Com isso, os professores mais preparados se sentem seguros para desenvolver um trabalho que tenha real significado para os alunos, nutrindo o gosto de não só ter acesso, mas de permanecer na escola expandindo seu aprendizado”, completa.

Além de Rosa, Clesia também tem visto as formações do pacto se desdobrarem em boas práticas dentro e fora de sala de aula. Um exemplo prático, realizado na cidade de Penedo, foi quando uma professora realizou uma oficina de ovos de Páscoa com a turma da EJA. Durante a atividade prática, que estava diretamente relacionada com o interesse dos alunos, ela pôde trabalhar habilidades relacionadas à matemática e à língua portuguesa.

Outro exemplo relatado por Clesia foi uma parceria da Secretaria de Educação do município com a Secretaria de Turismo que, juntas, desenvolveram uma atividade na qual os estudantes da EJA puderam participar de um passeio turístico e de uma visita à feira literária local, a FliPenedo.

“A gente trabalha muito com os estudantes da zona rural. Muitos deles só vem à cidade quando é para tirar um dinheiro, comprar alguma coisa, e eles tinham vontade de conhecer mais a fundo nosso patrimônio histórico. Então, a EJA está abrindo essas portas para eles. Foi uma atividade muito animada”, conta.


  
Scroll to top