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Mensagens do blog por DIMÍTRIA DE FARIA COUTINHO

Luta de alunos da EJA por moradia gera projeto educacional em São José dos Campos
Luta de alunos da EJA por moradia gera projeto educacional em São José dos Campos

O movimento popular por moradia vivenciado pelos estudantes da EJA da EMEFI Maria Antonieta Ferreira Payar, em São José dos Campos (SP), foi o motivador para um projeto interdisciplinar na unidade.

Desenvolvida pelos professores de turmas da EJA I Cláudio Bueno e Luciana Corrêa Guimarães, além da professora da sala de leitura, Cassiana da Silva Souza, a experiência foi uma das selecionadas pelo programa de formação docente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no âmbito do Pacto EJA.

Tudo começou na sala de leitura, com a professora Cassiana, quando os alunos estavam lendo a biografia de Carolina Maria de Jesus. Eles se identificaram com a história da autora apresentada no livro Quarto de Despejo e, a partir daí, foram incentivados a contarem suas histórias - que se entrelaçam com a história do próprio bairro.

Comentário escrito por dois alunos: "A resistência: nós estávamos lutando por nossa casa. A gente ia na passeata para lutar".

Comentário escrito por dois alunos. Foto: Arquivo pessoal.

“Os moradores do Pinheirinho foram morar em um assentamento e viveram todo esse processo até a violenta desocupação e a conquista das chaves da nova casa. Foram oito anos de luta até essa conquista. E a maioria dos nossos alunos estavam presentes nesse processo”, conta a professora Luciana.

“Nosso intuito nesse projeto foi valorizar esse percurso de luta dos estudantes para que eles reconheçam essa conquista da nova casa como um grande valor. O bairro do Pinheirinho dos Palmares, onde fica a escola, é um bairro da periferia e não é muito valorizado. Então, nosso intuito é que eles percebessem o valor do bairro através do processo de conquista que eles tiveram e se sentissem orgulhosos de morar aqui”, completa.

Aprendizagem significativa

A partir dos relatos dos estudantes, o trio de professores conseguiu abordar uma série de conhecimentos curriculares.

Em Língua Portuguesa, vários gêneros textuais foram trabalhados enquanto os estudantes produziram relatos escritos, boletins de notícias e episódios de podcasts. No caso das notícias, dois resultados se destacam.

O primeiro deles é a construção de uma linha do tempo da história da luta popular dos moradores do bairro a partir de uma série de recortes de notícias que um dos alunos trouxe para a sala de aula.

Duas estudantes lendo notícias

Em duplas, alunos leram as notícias. Foto: Arquivo pessoal.

Outro resultado bastante significativo foi o resgate de um boletim da escola - o Antonieta News -, que estava parado e voltou a ser alimentado pelos alunos da EJA, traçando um diálogo entre eles e os demais estudantes da unidade.

Para além da Língua Portuguesa, os alunos também trabalharam temas de outros componentes curriculares, como Geografia e História, com a organização de mapas do entorno, o estudo do direito à moradia estabelecido pela Constituição Federal, e o trabalho com temáticas relacionadas ao meio ambiente a partir do estudo do bairro.

“É muito importante associar os conteúdos à vivência deles para dar significado ao que estão aprendendo”, resume Cláudio.

Outro aspecto do projeto foi um minicurso de fotografia ministrado pela professora Cassiana. Em um passeio pelo bairro, os estudantes puderam fotografar as paisagens locais, colocando os conhecimentos adquiridos em prática. “Foi bonito ver eles percebendo a beleza do bairro”, comenta Luciana.

Foto da escola

Fotografia da escola, feita por um dos estudantes. Foto: Arquivo pessoal.

A partir desse passeio, os alunos também construíram um texto coletivo com os aspectos que achavam que poderiam melhorar no bairro. Esse texto se tornou uma carta ao prefeito, entregue em mãos por uma das alunas durante uma visita do político à escola. “Foi um ato bastante simbólico para eles”, diz Luciana.

Orgulhosos dos estudantes, os professores acreditam que não apenas o objetivo de valorizar o bairro foi cumprido pelo projeto, mas também a função de alfabetizar. “É muito significativo ver o quanto eles se empenham em ler. Eu me arrepio cada vez que tenho aula com eles”, comenta Cassiana, emocionada.

Saiba mais

A experiência desenvolvida pelos professores Cláudio, Luciana e Cassiana foi exposta em transmissão ao vivo na conta do Instagram do programa de formação da UFPB no âmbito do Pacto EJA, e pode ser conferida na íntegra no perfil @pactoeja.


  
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