As mostras culturais da EJA, que acontecem em diversas localidades do Brasil, são um bom momento para valorizar as vivências locais. Em Monteirópolis, cidade alagoana com cerca de 7 mil habitantes, não foi diferente.
Para a mostra, os estudantes da EJA realizaram um resgate da história da cidade e de seus povoados, a partir de entrevistas, atividades escritas e catalogação de fotos e vídeos. O resultado foi um livro que conta esses relatos coletados por meio do gênero textual cordel. A história se relaciona diretamente com as vivências dos próprios estudantes.

“O mais interessante é que, nesse processo, eles trabalharam a questão da identidade”, comenta Artur Victor Maciel, formador local do Pacto EJA, frisando que o tema foi abordado tendo como base os aprendizados adquiridos pelos professores no curso promovido pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
“No cordel, os alunos colocaram as experiências e dificuldades que passaram ao longo da vida para poder voltarem para a escola. Muitos tiveram que abdicar dos estudos para poder trabalhar e ajudar os pais”, completa.
Para Artur, esse resgate de identidades tanto individual quanto do espaço coletivo é bastante importante para a garantia do engajamento dos estudantes da EJA.
“Espera-se que os professores possam incrementar em suas práticas e metodologias as culturas e vivências trazidas durante a mostra cultural”, afirma Artur. “O evento promoveu que se traga para dentro das turmas da EJA os conhecimentos prévios que os estudantes trazem consigo. Com a mostra, os estudantes puderam entender que a identidade não é só aquilo que está posto em documento, RG e CPF, mas tudo aquilo que eles vivenciaram, incluindo aspectos culturais, sociais, religiosos e antropológicos. Tudo isso enriquece o processo educacional”.

