De uma simples roda de conversa com os estudantes da EJA, a professora Daiany Cardoso do Carmo percebeu um interesse da turma por chás de ervas medicinais. Esse foi o pontapé inicial para um grande projeto desenvolvido em Gaspar (SC).
A atividade foi uma das experiências exitosas selecionadas pelo programa de formação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no âmbito do Pacto EJA.
Daiany aproveitou o interesse dos estudantes e propôs que eles pesquisassem sobre o tema, além de trocarem experiências que já carregavam consigo. “Busquei resgatar esse conhecimento deles, que trazem desde os antepassados”, comenta a professora.
Matemática, Língua Portuguesa e Ciências se misturaram no projeto interdisciplinar. Foto: Arquivo pessoal
Além da valorização dos saberes de cada estudante, a prática permitiu o trabalho com diversos conteúdos, como a leitura e a escrita, durante as pesquisas; a matemática, na construção de pesquisas e gráficos sobre o consumo de chá na turma; e a ciência, através da comparação entre os saberes populares e os científicos.
“Eles tomaram consciência de que nem tudo a gente pode resolver com os chás. A gente precisa também buscar os médicos quando o chá não faz o efeito necessário”, afirma Daiany.
Aumento do engajamento
Para além dos conteúdos trabalhados, a professora considera que a maior conquista da atividade foi o aumento do engajamento da turma. A culminância do projeto foi uma noite dos chás, evento aberto à comunidade no qual os estudantes apresentaram as bebidas e as mudas das ervas medicinais.
Noite dos chás foi aberta à comunidade. Foto: arquivo pessoal
“A troca de experiências entre eles foi o que tornou esse momento tão rico”, afirma Daiany. Bastante heterogênea, a turma de 52 alunos conta com pessoas de 17 a 82 anos de idade. Muitos dos mais novos, conta a professora, são estudantes vindos de outros países, como Haiti e Venezuela. Já dentre os mais velhos, muitos vêm de outras regiões do Brasil. A troca cultural, então, foi bastante rica.
“Dos mais novos aos mais velhos, todos se engajaram nesse projeto”, afirma Daiany. Segundo ela, a atividade realizada em abril repercute até hoje: “Eles falam que nossa noite dos chás foi o maior sucesso”.
Do projeto, surgiu também uma tradição em sala de aula: é comum que os alunos tragam mudas para trocar entre si. “Isso incentiva eles a estarem engajados e motivados a virem para a escola”, acredita a professora.
“É importante eles serem valorizados em seus saberes para nunca desistirem daquilo que vieram buscar na EJA, que são os estudos”, conclui.
Saiba mais
A experiência desenvolvida pela professora Daiany foi exposta em transmissão ao vivo na conta do Instagram do programa de formação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no âmbito do Pacto EJA, e pode ser conferida na íntegra no perfil @pactoeja.