Resgatar a infância dos educandos foi a estratégia adotada pela professora Tatiane Roriz para garantir o engajamento da sua turma de EJA na Escola Municipal Joaquim Alves de Oliveira, no município de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia.
A dinâmica desenvolvida por Tatiane, intitulada “A vida na infância”, foi uma das experiências exitosas selecionadas pelo programa de formação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no âmbito do Pacto EJA.
A vida na infância
No início do ano, quando assumiu a turma, Tatiane sentiu que os estudantes não estavam se sentindo pertencentes ao ambiente escolar. “Eles estavam aéreos, sem conseguir se conectar com os conteúdos”, lembra.
Foi então que a professora teve a ideia de instigar os alunos a contarem as histórias de suas infâncias, como estratégia para valorizar os saberes prévios de cada um. Tatiane, então, dividiu a turma em três: um grupo ficou responsável por apresentar músicas que marcaram a infância; outro, por reconstruir brinquedos e brincadeiras de quando eram crianças; e o último, por apresentar um telejornal com entrevistas sobre a vida na infância.
Grupo de estudantes apresentou telejornal sobre a vida na infância. Foto: Arquivo pessoal/Tatiane Roriz
“O meu intuito com o projeto era estimular o interesse deles pelo aprendizado, para que eles se sentissem bem em sala de aula”, conta Tatiane. E deu certo. “No momento que eles apresentaram esse trabalho, eles sentiram aquela realização. Isso transformou totalmente a turma: aumentou o engajamento, eles se sentiram pertencentes e facilitou o aprendizado”, completa.
A professora atribui o sucesso do projeto à retomada de emoções vinculadas à infância, que foram acolhidas com afeto pelos colegas. Em uma turma composta majoritariamente por idosos, Tatiane conta que muitos estudantes resgataram histórias relacionadas aos motivos pelos quais pararam os estudos durante a infância e juventude, o que os ajudou a ter motivação para continuar aprendendo na fase adulta.
“Eles perceberam que a escola não é só lugar de ler e escrever, é um lugar que eles vão ser ouvidos, aplaudidos, reconhecidos e respeitados. A história deles é valorizada e levada a sério na escola”, conta.
Desde que a atividade foi realizada, em abril, a sala de Tatiane nunca mais ficou vazia. “Depois dessa experiência, eu entendi que meu papel não era o de ficar em pé em frente a lousa, passando conteúdo, mas sim que eu deveria buscar novos métodos e inovar. Hoje, consigo manter a turma cheia e satisfeita”, relata.
Saiba mais
A experiência desenvolvida pela professora Tatiane foi exposta em transmissão ao vivo na conta do Instagram do programa de formação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no âmbito do Pacto EJA, e pode ser conferida na íntegra no perfil @pactoeja.