A tecnologia foi o caminho encontrado pelo professor Marcos do Nascimento Silva para trabalhar habilidades de leitura, escrita e conhecimento lógico matemático com seus alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Municipal José Fernandes da Silva Neto, em Cidade Ocidental, em Goiás.
O trabalho desenvolvido por Marcos foi um dos selecionados para o compartilhamento de experiências exitosas, em atividade organizada pelo programa de formação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no âmbito do Pacto EJA.
A tecnologia foi usada pelo professor para criar aulas mais dinâmicas mas, antes de mais nada, ele teve que ensinar seus alunos a utilizarem o computador. Marcos conta que os estudantes utilizam bastante o WhatsApp como forma de comunicação mas, na maioria das vezes, enviam e recebem apenas áudios. Partindo dessa observação, o professor teve a ideia de ensiná-los a produzirem textos utilizando o teclado.
Tecnologia aliada da aprendizagem
Marcos auxiliando estudantes no laboratório de informática. Foto: Arquivo pessoal
Inicialmente, o professor levou a turma multisseriada de 1ª e 2ª série para o laboratório de informática da escola e começou apresentando as partes do computador, como mouse, teclado e monitor. “Nossos alunos da EJA não estão incluídos digitalmente, e a EJA é um espaço de construção da autonomia. Portanto, era necessário promover o letramento digital”, comenta Marcos.
Em uma sequência didática de várias aulas, o projeto continuou com o reconhecimento de letras e números no teclado; a construção textual; e a criação de contas pessoais de email, que culminou na troca de emails entre os colegas da turma.
Durante o processo, Marcos incentivou os estudantes a utilizarem softwares educativos, que trabalham tanto a alfabetização quanto o conhecimento matemático. Assim, os alunos foram se aprofundando na tecnologia de forma aliada ao conteúdo programático.
“A tecnologia é uma grande aliada no processo de ensino e aprendizagem. Na EJA, é uma ferramenta que vem contribuir de maneira significativa, pois permite ao professor elaborar aulas dinâmicas, atrativas e provocativas, e ao educando ser desafiado nas soluções para as suas dificuldades”, defende Marcos. “Além disso, a tecnologia promove a autonomia, o desenvolvimento da autoestima, a comunicação e colaboração entre os seus pares e, principalmente, a inclusão digital e tecnológica”, completa.
O professor se alegra ao contar que, no final da sequência, os estudantes já estavam construindo textos no computador e trocando emails entre si, revelando bastante satisfação com o trabalho desenvolvido.
“A tecnologia é muito importante para a inclusão dos estudantes da EJA na sociedade, já que muitas atividades do dia a dia dependem dela. Um exemplo são as realizações bancárias via pix”, comenta Marcos.
O professor admite, porém, que vive em um contexto privilegiado, no qual a escola oferece um laboratório de informática aos estudantes. “É necessário que todos os estados e municípios desenvolvam políticas públicas para equipar as escolas com o mínimo de acesso às tecnologias. Com essa pequena ação, os sujeitos da EJA passariam a se perceber como pessoas de direito, capazes de ressignificar a sua trajetória até então construída fora da ‘sociedade digital’”, defende o professor.
Experiências exitosas
Além de Marcos, outros quatro professores de diferentes regiões do Brasil foram escolhidos para apresentarem suas experiências exitosas na sala de aula da EJA. O encontro com as apresentações pode ser revisto abaixo: