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Mensagens do blog por DIMÍTRIA DE FARIA COUTINHO

No Paraná, rodas de conversa resgatam voz dos estudantes da EJA e ajudam na alfabetização
No Paraná, rodas de conversa resgatam voz dos estudantes da EJA e ajudam na alfabetização

Todas as semanas, o professor Carlos Roberto de Oliveira realiza rodas de conversa com seus alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal Carlos Kraemer, em Londrina, no Paraná. O objetivo é permitir que os estudantes se expressem livremente, discutindo assuntos de grande importância social.

O projeto desenvolvido por Carlos foi um dos selecionados pelo programa de formação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no âmbito do Pacto EJA, para o compartilhamento de experiências exitosas.

“Eu proponho as rodas de conversa para criar um espaço de escuta e de fala a esses educandos que chegam à EJA, já que historicamente eles têm suas vozes silenciadas, principalmente nos espaços institucionais”, defende Carlos.

Ouvir para ensinar

Nessas conversas, nas quais todos se expressam, o professor consegue abordar diversos conteúdos programáticos, desenvolvendo a alfabetização através de produções de texto coletivas após cada roda, utilizando os mais diversos gêneros literários.

“Primeiro, eu preparo o local em círculo fora da sala de aula, preferencialmente em um espaço aberto, e começo realizando a leitura do texto, que pode ser conto, crônica, poema, charge, fotos, fábulas, e assim por diante”, conta Carlos. Depois, instiga discussões sobre a temática abordada com os estudantes.

O professor conta que geralmente os educandos expõem suas histórias pessoais, saberes e memórias, e frequentemente discutem temas sociais pertinentes, como a desigualdade racial e de gênero.

“A participação deles é muito boa, todos espontaneamente se manifestam, respeitam a fala dos colegas, relacionam com sua história de vida, permitem o contraditório no debate e sempre aguardam o dia para realizar essa atividade”, relata o professor. “Com as rodas de conversa, a sala de aula se torna um espaço mais democrático”, garante.

Depois da roda, Carlos reúne os educandos em sala de aula, onde constroem um texto coletivo sobre o assunto debatido. Essa produção é posteriormente usada pelo docente para outras atividades, sendo explorada de forma interdisciplinar. Ao final do ano, um livreto com todas as produções é criado, dando visibilidade à criação dos estudantes.

No final de 2023, uma das produções dos alunos de Carlos foi destaque na Revista Eletrônica da Educação de Londrina, que pode ser acessada neste link. Trata-se do poema “Passado”, construído coletivamente:

Da minha infância não quero lembrar,

quero deixá-la para trás.

Os que deveriam cuidar,

só quiseram me maltratar.

 

Arreio, fio de telefone, cinto e vara de marmelo,

tudo era usado para educar.

Algumas pessoas acham bom,

dizem que é para educar!

 

Mas quem gosta de apanhar?

Hoje me sinto livre,

para essa história lhe contar.

 

Da roça vim,

na roça trabalhei,

e desde pequeno não pude estudar.

 

Todos os dias me pego a pensar:

por que uns sofrem e outros não?

Por que uns têm muito e outros, nem pão?

Será devido ao esforço ou fruto da ganância de alguns?

 

Apesar de tudo isso, comecei a estudar.

Sonho em me formar,

Tenho fé e esperança que minha vida vai melhorar.

 

Experiências exitosas

Além de Carlos, outros quatro professores de diferentes regiões do Brasil foram escolhidos para apresentarem suas experiências exitosas na sala de aula da EJA. O encontro com as apresentações pode ser revisto abaixo:


  
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