T de trigo, S de sabonete, F de feijão. Foi assim que estudantes do Programa Brasil Alfabetizado aprenderam o alfabeto em Manaus, no Amazonas. Seguindo a proposta das professoras Leila Cassote, Marize Marisol e Raqueline Moraes, os alunos foram convidados a montarem o alfabeto completo usando rótulos de produtos que tinham em casa.
A sequência didática desenvolvida pelas professoras foi uma das atividades selecionadas pelo programa de formação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no âmbito do Pacto EJA, para o compartilhamento de experiências exitosas.
O objetivo das educadoras foi ensinar as letras a partir do conhecimento prévio dos estudantes, promovendo a associação entre palavras e objetos do cotidiano.
Alfabetizando na prática
Alunos foram desafiados a encontrarem a letra referente a cada rótulo. Imagem: Arquivo pessoal.
Na primeira aula, as professoras abordaram a invenção da escrita e o alfabeto. Além disso, realizaram uma roda de conversa para entender por que os estudantes achavam importante aprender a ler e escrever.
“Em todas as aulas, sem exceção, usamos as rodas de conversa”, conta Leila. “Na Educação de Jovens e Adultos, é de extrema importância a participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem. Isso torna a aprendizagem mais significativa, sem dúvidas. Por isso, é importante que sempre haja roda de conversa. O conhecimento que cada aluno possui enriquece as aulas”, defende.
Dentre as muitas respostas apresentadas na conversa, surgiu o uso da leitura e escrita no cotidiano, como para realizar uma compra de supermercado.
A partir disso, as professoras pediram, então, que os alunos separassem rótulos de produtos que costumam consumir. Na aula seguinte, eles foram desafiados a montar o alfabeto com esses rótulos, identificando e comparando as letras iniciais de cada palavra.
Alunos montaram alfabeto com rótulos. Imagem: Arquivo pessoal
“É muito importante, como educadores da EJA, nós levarmos em consideração as experiências cotidianas, a realidade e o contexto social e cultural de cada aluno. Assim, o processo se torna mais prazeroso, significativo e, com certeza, a aprendizagem flui muito melhor”, afirma Leila.
De acordo com a professora, os estudantes amaram a forma “diferente”, nas palavras deles, de colocar em prática o alfabeto.
“Uma das alunas relatou que está sendo mais interessante aprender com coisas que eles usam todos os dias. Ela comentou que , em uma das compras do supermercado, falou para a filha que a letra do começo de uma embalagem era S porque ela tinha colado no cartaz da aula. Outro aluno relatou que a filha ficou muito feliz de ver que ele estava reconhecendo as letras dos produtos que ele usa como mecânico de carros. Estes são alguns relatos que enchem de alegria os corações das professoras”, relata Leila.
Experiências exitosas
Além de Leila e das colegas, outros quatro professores de diferentes regiões do Brasil foram escolhidos para apresentarem suas experiências exitosas na sala de aula da EJA. O encontro com as apresentações pode ser revisto abaixo: